domingo, 15 de junho de 2008

Índice

1.Introdução

A imagem em movimento como culminar de um percurso lectivo

2.Desenvolvimento – Os bastidores da imagem

Projecto/estágio, trabalhos curriculares e extracurriculares

3.Conclusão

O culminar de um caminho


A imagem em movimento como culminar de um percurso lectivo

O segundo semestre, tendo eu tomado consciência da situação quando nos foi anunciada a redução da nossa licenciatura, foi para mim encarado como um período de tempo em que tentei preparar-me contra as lacunas que poderia ter na minha formação no sentido que pretendia dar-lhe, tentando absorver o máximo de informação e experiência, e tentei escolher as cadeiras e fazer opções nesse sentido, num sentido global e complementar.

Para tal, fui estagiar para a mvmtv para ter uma experiência a nível profissional, num local onde sabia que iria ter liberdade criativa, ainda que limitada por valores de ordem ideológica. Trabalhei num canal televisivo, com imagem animada, desenvolvi competências para trabalhar a imagem em movimento.

Para além da vertente profissional, foi combinado desde o início desta cadeira Projecto/Estágio, dividir o meu trabalho em duas vertentes de investigação e experimentação: o meu estágio, e uma outra, cinematográfica, que inicialmente passou pelo documentário e que acabou por inserir também outros assuntos à medida que fui tendo contacto com mais informação.

O movimento é um extra da imagem que lhe acrescenta a função tempo. Terá sido a partir dessa premissa que Paz dos Reis, fotógrafo, experimentou o cinema através das suas curtas películas que sucedem imagens fotográficas.

É a partir da sucessão de imagens estáticas, a fotografia, a ilustração, os grafismos, que se cria a imagem em movimento, o vídeo, a animação, os grafismos animados, área em que me debrucei no meu estágio, na construção de separadores, genéricos, fichas técnicas.

Os bastidores da imagem

Projecto/estágio, trabalhos curriculares e extracurriculares

No texto de candidatura e apresentação do que anunciávamos fazer relativamente à cadeira (pode-se visualizá-lo em http://b-veiga.blogspot.com/2008/02/projectoestgio-nossa-vida-feita-de.html) propus, como já foi dito anteriormente, dividir a cadeira projecto/estágio em dois percursos distintos, o estágio na minha entidade acolhedora que eu propus efectuar protocolo, mvmtv (música, vídeo e moda) visto que as opções que me foram apresentadas pela faculdade não satisfaziam as minhas necessidades, e o apoio no desenvolvimento de um documentário em torno de uma ideia que desenvolvi e discuti no Workshop «A ficção na construção do real e o documentário ficcionado» sob a orientação de Miguel Marques (Novembro 2007), organizado a propósito do Ovarvídeo.

Na mvmtv, canal dirigido a um público-alvo adolescente, após muitos entraves, vi crescer um projecto conjunto, um canal do Porto, que não quer ser regionalista, e que vi passar da tvtel para a tvcabo, do Porto, para Lisboa e Coimbra.

Fui vendo o meu trabalho passar para o ecrã à medida que o concluía. No início fiz separadores, grafismos animados de publicidade ao próprio canal, em after-effects, programa com o qual nunca tinha trabalhado, embora quando a directora me perguntou, antes de me admitir, se sabia trabalhar com ele, eu respondi que aprendia depressa. E assim foi.

Pediram-me um trabalho experimental que tinha feito na disciplina de Laboratório de Vídeo para um horário de emissão nocturno, por causa do ritmo e duração. Também fiz uns pins, em conjunto com outra colega que já trabalhava lá, para fundo de um programa, inicialmente filmado numa discoteca, chamado BB.

O primeiro separador, com a frase em voz off «Nunca vestiste uma peça de roupa ao contrário?», ,tecnicamente, foi uma experiência enriquecedora, aliei vídeo a desenhos vectoriais floriados, abarrocados. A seguir a esse veio «Não tens objectivos, contratempos, percalços, amigos chatos e coloridos?».

Neste separador já não estava tão às escuras porque sou muito observadora, vou observando dados e pessoas e percebendo o que estas esperam do meu trabalho, uma espécie radiografia ao de perfil do cliente. Dentro do meu estilo tentar fazer algo do agrado de quem me pede o trabalho, neste caso a directora, Joana Lousada. Pretendia também ganhar o respeito que pretendia atingir pela minha resposta, e por isso, depois de uma luz acesa, procurei dar o meu melhor, durante todo o tempo que estive lá.

Numa outra perspectiva, foi-me pedido um separador para um grupo de precursão, os «be-don», banda de lançamento mvm, embora que já tinham estado no Gato Fedorento, portugueses de uma filosofia e um estilo de música semelhante aos «Stomp». Foi basicamente, uma composição feita só com vídeo.

Até que finalmente, me deram um programa, coisa que me foi motivando enquanto o fui desenvolvendo e construindo. Principalmente, quando o vi em televisão. «Mete-te na tua vida». Neste ponto, o professor Vitor Almeida tinha-me dado uns links com genéricos e publicidade para ver, e queria fazer umas experiências. Fiz todo o grafismo do programa, o que foi muito gratificante, logótipo, caixas de texto, genérico, mini-separadores, agradecimentos, e ficha técnica, onde já aparecia o meu nome. Fui introduzindo alterações e aperfeiçoando algumas coisas depois disso. O meu trabalho foi muito apreciado, reacção que me motivou.

No meio do processo de trabalho, na feitura deste programa, fui fazer o Seminário «Cinemarchitecture», e apesar do pouco tempo que tinha para reflectir, aproveitei e absorvi o máximo de informação que pude. Ao mesmo tempo inscrevi-me no Seminário «Ag-Prata. Reflexões periódicas sobre fotografia», com o intuito de ter algo sistemático que me obrigasse a reflectir e a adquirir mais conhecimento. Este segundo seminário foi sendo cruzado por mim com o primeiro e com outras fontes, em termos de conteúdo, e originou o trabalho «Cinema e Arquitectura. Porto, a Cidade mais Cinematográfica» para Estudos de Design, num momento em que sentia necessidade de sistematizar este conhecimento, aproveitando a oportunidade.

Entretanto, foi-me pedido na mvmtv para fazer um genérico, caixa de texto e ficha técnica, para um programa que passa na Nova Era, Sexy Sound System, e que iria ser passado a televisão. Mais uma vez desenvolvi uma técnica nova, de tratar a imagem do vídeo frame-a-frame, através das «actions» do photoshop.

Como estava a fazer o meu trabalho de pesquisa em torno do Porto, pus umas imagens de fundo no genérico, com uns filtros e texturas, da Rua de Santa Catarina e um eléctrico a passar.

Foi-me proposto, no sentido de desenvolver a vertente cinematográfica da disciplina Projecto/Estágio, fazer filmagens para o meu trabalho «Cinema e Arquitectura. Porto, a Cidade mais Cinematográfica», e apresentar como um extra para Estudos de Design. Eu tinha sentido, várias vezes, ao longo do processo, que há coisas que só se explicam com imagens, que as palavras não são suficientes e por isso achei que era um óptimo formato para a minha apresentação deste trabalho. Para tal, recolhi imagens videográficas dos principais edifícios onde se mostrava cinema, e que ainda estão de pé, e escolhi um elemento que estava presente em todos os filmes que falam sobre o Porto, a Ponte D. Luís. Seleccionei um plano de cada filme que referi no meu trabalho e fui ao local. Houve sítios que foi difícil encontrar, principalmente dos filmes mais antigos, mas em informação com a população ribeirinha e munida de uma espécie de guião com os ditos planos impressos, acabei por encontrar. O trabalho está agora em fase de montagem.

Paralelamente, logo no início do semestre, também no sentido de me dar experiência na área, o professor indicou-me para trabalhar com a Rita Bastos, que estava a desenvolver um projecto de mestrado de segundo ano, sobre o «Cinema Batalha», e que tocava nos assuntos «Sala-Bébé», Manoel de Oliveira, que projectou lá «Douro, Faina Fluvial», o seu primeiro filme. Filmamos o Cinema Batalha, ensaiamos planos, entrevistamos pessoas. A propósito dele, falei com Manoel de Oliveira, no Seminário «Cinemarchitectura», que acabamos por frequentar na companhia uma da outra.


O culminar de um caminho

Relativamente à minha intenção inicial para com a cadeira de Projecto/Estágio, acho que cumpri os pressupostos. Fiz um estágio numa empresa televisiva e desenvolvi conteúdos e competências no âmbito do cinema e do documentário que era o objectivo principal, ainda que não tenha desenvolvido o meu documentário. Mas fiz uma pré-produção, fotografei o local, falei com pessoas e filmei um ou outro momento.

Apesar das dúvidas iniciais, o estágio na mvmtv fez-me crescer. Acontecimento que se deve a ter desenvolvido um trabalho contínuo com prazos, pressões, situações que me fizeram ter discernir e aprender a pensar com calma em resposta a um clima de stress. Lidei com problemas reais, com uma equipa real e fui vendo o meu trabalho no ar, que me foi dando motivação para continuar e fazer melhor, uma ginástica técnica e mental, propiciada pela constante necessidade de resolver situações.

O meu trabalho de investigação e experimentação em torno do cinema, que deu origem ao trabalho «Cinema e Arquitectura. Porto, a Cidade mais cinematográfica», e o facto de me manter em contacto com a faculdade, ajudou a prevalecer uma vertente mais artística do meu trabalho, e que considero crucial.

Nenhum comentário: